Conheça The Naked Eye


Um
Dentro e Fora

 Que as luzes o faziam delirar todos sabiam, que os belos homens o faziam vibrar todos sabiam, mas o garoto tinha sonhos, além daquela vida boemia. Uns o desejavam, outros o odiavam, a beleza incomum, a sensualidade espontânea, estar na pista, ser visto, desejado, era o que o excitava, era o que realmente o deixava vivo. Que pelo fim da rua brilhante a bela peça humana roçava-se como um animal, todos se esfregavam no corpo cheiroso e esculpido. Os pés molhados de bebida, o cheiro de pó, a fumaça nos olhos variados. Que as calças baixavam, que as cuecas tiravam, os humanos de tocavam feito cavalos afoitos, a fome de corpo, até o tesão dos braços delinqüentes. Que um dia o belo garoto quis mudar, mas a vida era difícil até mesmo pra alguém que não tinha com o que se preocupar.
 Através dos brilhos verdes e das luzes vermelhas do clube endiabrado, por quanto tempo as batidas das enormes e infernais caixas de som, a batida sem fim, o chão tremia assim como os corações incessíveis que só desejavam corpos e lábios. O belo garoto dançava a redor dos seres pervertidos, apreciadores do sexo e da musica ritmada. O olho cor de mel do menino sem coração encontrou além da cortina de fumaça os olhos verdes o seguindo. Por todo o território indigno. As mão sensíveis e corpo alto do menino estremeceram por um tempo, era ele. O olhar anônimo o dirigia pra fora do som, pelo corredor o tênis verde do menino sujo de vodka sobrevoava a bebida quente. No banheiro sujo e com cheiro de gente imunda, as paredes sujas e riscadas com nomes falsos e telefones que nunca tocavam, os olhos de mel se viram através do espelho meio quebrado. O lugar parecia vazia, a não ser pelo som de gemidos que vim do ultimo Box lá no fim do banheiro.
 O menino se olhou no espelho, o rosto continuava perfeito, a boca avermelhada, o nariz afilado e os olhos contornados de forma que permaneciam mais profundos.
- Eu ouvi dizer que você é o melhor – disse uma voz sem rosto.
 O homem cheirava sexo, o menino ficou sem palavras a frente do forte homem sem camisa, o corpo desnudo, os braços fortes e esculpidos, o peitoral amostra, o menino suspirou, belos cabelos castanhos, na luz quase pareciam loiros, tinha uma perfeita cor de bronzeado e também soava o cheiro de perfume elitizado. Nada de anormal, a boate é dele, o garoto estava lá, sabia os riscos.
- Você não pode acreditar em tudo que dizem por ai. – o menino nem hesitou.
 No banheiro sujo, o chão com água e bebidas a redor das pias quebradas em formato de taça. O belo e sorrateiro desconhecido se aproximou lentamente, o garoto sentiu a presença fortemente através dos braços que o contornavam, a mão no peito quis parar algo que nenhum dos dois queria que não acontecesse.
- Eu não vou ficar com você. – não seria um pecado tão sórdido pensou o menino. Que já não pensava nisso há um bom tempo.
- Por que não meu lindo? – a voz do rapaz quase soou como um mandato.
  Os lábios se tocaram de forma calma e sensível, a boca cheirando uísque, uma língua tocou a outra, o cheiro de perfume forte no pescoço do desconhecido, a força que vinha de baixo, o forte desconhecido apertava quase quebrando o garoto. Pela noite em diante os braços seguiram caminhos mais curtos, os corpos se uniram sobre o calor das almas pervertidas. Sobre os lençóis de bem, às claras e fortes sensações dos amantes, uma noite curto, os dois desconhecidos sobre a forte sensação do nada.
 O belo moreno nu. O garoto olhava o premio da noite na sua frente.
- Quer mais bebezinho? – perguntou o estranho nu sobre a cama desarrumado do menino.
 O homem estranho no plano sem amor, na casa do garoto sem passado. O garoto permaneceu vendo o sol acordar, na sua sacada de frente ao mar.
- O que foi querido?
 O menino levantou-se do chão e voltou ao quarto, mal olhava o homem pelado sobre a cama.
- Nada. Eu não sei seu nome.
- Leandro. – riu o homem.
- Humm, foi um prazer te conhecer.
 Na bochecha avermelhada o garoto beijou sentido os braços que o rodeavam quase que o matando.
- Você é o Bruno. – riu novamente o estranho.
- Sou sim.
- Mora aqui sozinho Bruno?
- Moro.
- Vida boa.
- Acho melhor você dormir. Gosto de dormir de conchinha. – deu seu famoso sorriso fofo sem muita empolgação e deitou ao lado do homem tentando aproveitar o fim da madrugada.
 Os olhos fecharam cheios de nojo, nojo de si mesmo. As nuvens chegaram, a cidade acordava mesmo sem ter dormido, os primeiros passos sobre as calçadas cinza. O menino continuava sujo sobre a cama, ele deu moral pra antigos erros hoje.
- Você acorda cedo gatinho. – abrindo meio olho perguntava o homem.
- Eu corro.
- Fica aqui comigo.
- Não. Desculpa mais foi um erro. Eu nunca transo.
- Eu sou muito bom então.
- Apenas uma exceção.
- Você me achou mais gostoso que os outros? Eu posso ficar com você Bruno. A gente ia formar um belo casal. – Leandro não estava errado.
- Eu não quero. – nem pensou e disse.- Tem comida na geladeira, não suje muito a cozinha, pode deixar a porta aberta, eu já vou.
- Você vai me deixar aqui? Meu pau tá duro.
- Bate uma ai.
- Cara você não é de nada.
- Não me liga viu. Desculpa, mas eu esqueci seu nome.

 Pelas ruas os pés passavam, na frente do mar grandioso, o menino rezava. Que a paz seja bem vinda aos de bom coração. Que as pragas sejam aceitas pelos pobres pecadores da cidade luz. Um dia tudo faria mais sentido que agora. Um dia ele entenderia e iria ter um sentido a se seguir. Para que o dia acontecia? Apenas pra noite chegar com seu brilho e fazê-lo tremer e querer ter no sol a lua.
- O que você está pensando? – Leonardo continuava atrás do menino, o seguira durante toda a caminhada, ainda com a roupa da noite passado e os tênis mal amarrado.
- Se fosse pra todos saberem os pensamentos não estariam apenas na minha mente. – o menino parou um instante e sentou no banco de frente pro mar.
- Eu quero mesmo namorar com você. – olhou meigamente nos olhos do menino.
- Eu... Já errei muito na minha vida. Você foi um erro, imenso por sinal. Não me deixa vacilar de novo Léo, to realmente bem cansado.
- Mas...
 Léo não soube o que falar, o garoto estava certo, os dois começaram a olhar o mar e as onda baixas, o dia ainda pouco mando, as duas faces lado a lado, a do menino era doce, meiga, mas com um pitada sensual, que dava uma força ao rosto moderadamente lindo, o do homem era totalmente diferente, Léo no alto de seus vinte e sete anos tinha um rosto de homem, másculo, barba mal feita, um belo sorriso e olhos pequenos.
-  Eu sou apaixonado por você Bruno, desde sempre.
- De que adiantou toda essa paixão Leandro?
- Eu quero voltar a namorar com você, morar com você.
- Não. Você devia ter ido pra casa.
- Depois que você saiu, eu vi que ainda tinha nossa foto na geladeira. Eu só quis me despedir descentemente.
- Nada que você faz é descente.
- Você gosta disso.
- Talvez...
- Então...?
- Eu só tou meio cansado disso tudo.
- De que Bruno?
- Dessa vida.
- Cara, aproveita, curti, daqui a pouco acaba.
- Eu sei, mas... Não quero aproveitar assim.
- Assim como?
- Ficando com você, ai você dá uma na minha cara, eu passo dias chorando
 Mas uma vez silêncio, poucas pessoas corriam pela orla naquele momento, naquele pedaço havia apenas um casal idoso bebendo água de coco e um rapaz correndo com seu pitbull.
- Todos os meus amigos ficam perguntando se tem chance com você.
- Você diz o que?
- Que você é meu. – voltando a olhar o menino.
- Eu sou? – o garoto continuava vendo o mar.
- Poderia ser, seria uma ótima opção.
- Deixa eu ser só meu mesmo quietinho.
- Você só poderia se dividir um pouco.
- A gente pode voltar a sair Léo.
- Isso é ótimo.
- Só sair, sem namoro. Eu não vou transar. – o garoto disse quase rindo.
- Você me mata.  – Léo batendo a mão contra o peito.
- Eu sinto que eu vou me arrepender disso. Vai embora. – o garoto tinha certeza que iria se arrepender, isso já tinha acontecido, pos as mãos nos olhos e deixou o ex ir embora.
- Ok. Eu te amo.
- Tudo bem.
- Eu te ligo.
 O garoto parou, se arrependeu, chorou. Levantou e tentou se aproximar do mar, ele tinha medo, de água, principalmente do mar, era uma ligação demoníaca, ele amava estar ali o vendo, mas tinha medo de tocá-lo. O mar olhava o menino chorando na areia Mas naquele dia o mar foi seu amigo que o ajudou.

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