19 de dezembro de 2010

cinco

27 de novembro
2h 50min.
Percorri o corredor frio, fechei a porta da varanda aberta, o chão molhado quase me fez escorregar, Gean apareceu arrumado:
- Você quer ficar aqui hoje?
- Gean eu...
- Não tem problema, ninguém vem hoje, o Pedro vai dormir na casa duma gatinha dele.
- Não posso.
- Por quê?
- Eu preciso de você. – realmente eu estava tenso.
- Bob, você sabe que sempre vou tá aqui pra você.
- Eu quero que você me leve pra casa.
- Vou pegar a chave do carro, não, melhor. Eu vou chamar um taxi, posso dormir lá?
- Vai sair caro um taxi pra lá.
- Não heim.
- São só uns 10 quarteirões.
- Eu quero que você me leve pra Guará.
 Gean ficou me olhando pasmo, ele continuava lindo, e a barba ralinha dava um ar bem sério. Mas era passado, nós agora éramos quase estranhos agora eu só sabia que ele era um canalha e ele só sabia que eu era um idiota.
22 de março
07h.
 Acordei preparado para o que iria acontecer naquele dia, esperei mamãe sair com tia Sarah, liguei pro G, que já estava a caminho, chegou me beijou subimos as escadas, ele estava bem mais feliz que os outros dias, na noite anterior a gente havia combinado tudo. Seria tudo perfeito, segunda a mamãe sempre ia ao salão antes de ir pra rádio, naquela semana ela iria se despedir dos fãs e do trabalho tão querido.
 Tia Sarah decidiu ir entregar os últimos livros a biblioteca e eu ficaria sozinho em casa, minha mãe já havia me tirado da escola, já havia combinado a nova matricula na nova escola. Nós iríamos viajar na sexta, eram meus últimos momentos na chácara eu teria que aproveitar intensamente.
 Subimos as escadas Gean me abraçava e beijava de uma forma bem mais quente que as outras vezes, nos deitamos na cama eu o ajudei a tirar a camisa vermelha, de repente o prazer de ficar com ele foi elevado, e muito. Ele era maravilhoso, e foi à escolha certa. Sei que foi rápido, mas...
 E daí? Eu to afim ele também, nós estamos usando e camisinha e nos gostamos, eu não quero perder mais tempo. Eu quero viver, quem sabe um dia aparece uma doença em mim. Eu não quero olhar pra trás e ver que eu perdi meu tempo. Eu quero olhar e dizer:
- Eu faria tudo isso de novo.
07h10min.
 Mamãe dirigia pela estradinha verde e molhada:
- Mulher eu esqueci minha bolsa – mamãe disse pasma olhando pra estrada, enquanto isso Sarah se maquiava pelo espelho do carro.
- Mulher eu te deixo lá e venho pegar.
 Foi assim que rolou, mamãe entrou no salão, tia Sarah entrou no carro, voltou pra chácara, lembrou que eu tinha deixado iphone carregando na sala e foi levar pra mim. Merda de iphone. Eu e Gean estávamos tomando banho juntos, meu deus, muito bom, que homem gostoso. Pudi ouvir Sarah tentando abrir a porta olhei pra Gean:
- Fudeu!
- Bob?
- Pera tia.
 Sai do banheiro peguei a toalha abri a porta de forma que só minha cabeça ficasse amostra:
- Seu iphone!
- Valeu.
- O Gean tá ai?
 Como ela sabia?
- N... Sim.
- Quero ver vocês na sala em cinco minutos. – disse bem séria saindo da minha visão.
 Gean estava se secando, a cara de preocupado estava muito evidente isso me deixou nervoso, descemos a escadas de mãos dadas. Ela estava sentada no sofá balançando uma das pernas cruzadas. Nos sentamos no sofá a frente dela:
- Vocês estavam... Transando?
- A culpa é minha. – disse Gean tentando acalmá-la.
- Eu sei.
- Desculpa.
 Eu nem sabia o que dizer.
- Eu fiz por que eu quis tia.
 Certo, isso não ajudou.
- Não tem problema gente, é normal, é bom. Mas... Gean eu quero falar com ele a sós.
- Tá.
 Gean beijou minha testa e saiu em direção à piscina. Sarah ficou me olhando, não sérias, mas, preocupada.
- Eu não quero que você ache que eu sou uma chata, mas... Você acabou de conhecer esse cara. Você nem sabe o que ele quer da vida, que doenças têm, sei lá. Ele é um estranho.
 Ela estava certa, eu tinha vacilado mesmo. Mas, á pouco tempo atrás eu me achava o dono da razão, eu tinha planejado tudo, iria ser perfeito.
- Vocês se protegeram?
- Hurrun...
- Que bom. – nitidamente mais calmo.
- Sua mãe só tem você, querido, ela precisa de você agora. Você ficar com ele, mas nunca se esqueça que sua mãe te ama muito mais que ele, ou qualquer outro garoto. Você é um bom garoto, eu sei como é. Você esta maravilhada com ele, ele é muito lindo mesmo, eu sei. Mas não perca o foco, não deixe de vier por causa disso. Eu sei o que estou dizendo Bob.
 É eu sei.
08h55min.
- O Pedro deve estar chegando, eu queria passar o dia aqui, mas... Acho que estraguei tudo, desculpa.
- Não teve problema.
- Eu quero que você saiba que você não é qualquer um pra mim, pode até ser no começo, mas agora eu gosto de você de verdade, pode crer, eu posso não ser o melhor cara do mundo, mas isso é verdade. O que eu sinto por você é real. Sempre acredite nisso, eu gosto de você de verdade.
- Eu sei...
  Não eu não sabia, não sabia como era ser enganado, como eu me sentiria ao ser abandonado, mas, Gean pode me fazer sentir assim, enganado, ele acabou comigo e nem precisou se esforçar muito pra isso, ele só precisou ser ele mesmo. Um canalha.
25 de março
09h.
 Os dias passaram, a chuva voltou, mas agora ele estava comigo, me abraçando, sempre me deixando mais amparado, as vezes mamãe chorava de noite, eu ouvia mas não queria que ela soubesse isso, ela reagiu ate bem quando contamos sobre termos transado, Gean pedia pra namorar comigo pra ela, seria nosso ultimo dia na cidade.
 Tia Sarah acordou cedo e foi ao consultório de Dr. Marcondes, iria receber o resultado do exame de câncer, esperou na sala de espera, tensa, no rádio ligado na recepção, podia se ouvir mamãe se despedindo dos fãs.
-”... Quem sabe um dia eu volte, eu estarei feliz sempre que lembrar de vocês e desse lugar maravilhoso, vocês não são só minhas ouvintes são minha amigas, numa bela amizade construída nesses últimos anos que foram maravilhosos estando aqui sempre, eu sinceramente, amo vocês...”
As recepcionistas se emocionavam ouvindo a despedida da ilustre amiga, mamãe faria falta, o seu programa era o melhor de toda a região, ela já recebeu várias propostas em outras rádios, inclusive em Fortaleza e agora que estávamos indo pra lá, novas propostas apareceram, mas ela não aceitou, queria algo, mas esperado, algo que ela havia esquecido no tempo, ser advogada.
 Sarah foi chamada ao consultório, andou lentamente pelo corredor, abriu a porta, Marcondes estava sentado atrás da mesa lendo os exames.
- Oi.
- Oi.
- Você não tem a doença.
 Sarah sentiu um alivio que a fez poder respirar de novo, sorriu pra grande amor do passado, tentou pegar os exames...
- Sarah.
- Oi.
- Eu quero falar com você.
- Sobre?
- Sobre nós.
- Marc...
- Eu sei que eu errei, eu sei que você não merecia nada daquilo, eu era jovem e um  idiota, mas eu mudei. E eu sei o que eu quero. Eu quero você. Eu quero ficar com você, casar com você, quero você comigo pra sempre.
 Sarah sentia um sentimento muito grande por ele, talvez fosse amor, mas, ela não estava disposta a perder a vida de solteira, a vida alheia a qualquer um, uma vida construída com muito esforço, sozinha.
- Eu não posso.
 Ele a beijou. No corredor Sandrinha pode ouvir toda a conversa, ela sabia exatamente o que fazer pra afastar os dois de novo, não que ela tivesse alguma chance com ele, mas não aceitava Sarah ter. Sarah se afastou e saiu da sala.
 Sandrinha a seguiu.
- Você não vai cair nessa de novo né?
- Eu te ignoro.
- Você continua a mesma pirralha, nem sei como ele te quer.
- Sai daqui, sua vagabunda.
- Ok. Mas saiba que ele mentiu, eu tenho um caso com ele.
- Sem comentários.
- Não acredita é bonequinha?
- Claro que não sua biscate.
- Eu tenho um filho com ele, é, todo mundo sabe, até você, o meu mais novo é dele. Parece né. Puxou o pai, até disse que seria medico, que lindo. É algo genético.
 Sandrinha saiu, deixando Sarah desamparada no corredor com cheiro de remédio. Ela saiu de lá, entrou no carro, chorou, e lembrou:
- Todos são iguais.
19h
Peguei o celular, as chaves, o bendito iphone, desci as escadas me olhei no espelho da sala, estava lindo. Gean me esperava, estava lindo com uma blusa de mangas longas cinza e gola V, quase deixando amostra seu peito sarado, uma calça jeans bem skinny escura, um tênis preto Nike completava o meu príncipe encantado. Eu? Eu usava uma calça bem parecida com a dele, minha tia me trouxe, ela achou minha cara, com uma regata branca com algo preto perto do colo. Tia Sarah nos esperava no carro, todos iriam passar a noite na cidade. Seguimos pela estrada fria, não chovia, mas o frio estava em alta. Fomos pegar Pedro, que ficou na frente dando em cima da Sarah, ficamos atrás nos paparicando, eu me sentia a vontade pra beijar ele lá, eu estava seguro.
Comemos pizza, rimos, bebemos, brigamos, enfim, foi um noite diferente, muito boa, pelo menos durante o jantar, não foi uma boa idéia levar Gean pro jardim da vovó de novo, não por nós, mas alguém que eu pensava ter desistido da sua perseseguição por mim, David.
- Para de falar desse cara, relaxa, eu to aqui.
- Ele me olhou estranho na rua, e você é o que me dá medo.
- Eu vou te proteger.
- E quem vai te proteger?
 Era melhor eu relaxar, pelo menos eu pensei isso.
- Oi.
 David havia nos encontrado, pelo muro baixo ele nos olhava com uma cara de ódio bem ofensiva, Gean o encarou por algum tempo.
- O casalzinho está se escondendo pra poder se beijar é? Que nojento. Cara você vaio pra cá e pega a pior merda da região, isso é ruim heim. Tanta mulher no mundo. Eu tenho vontade de vomitar em vocês, eu devia acabar com você Hael, seu mentiroso, viadinho ridículo, enganou minha irmã. Você é desprezível.
- Cala a boca cara.
- Huuuu... O viado quer ser macho, não dá boióla.
 Foi assustadoramente bom ver Gean dar um soco nele, que pulou o muro, e começou a bater em Gean, eu tentei separar, até que David me acertou e cai.

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