27 de novembro
2h 50min.
Percorri o corredor frio, fechei a porta da varanda
aberta, o chão molhado quase me fez escorregar, Gean apareceu arrumado:
- Você quer ficar aqui hoje?
- Gean eu...
- Não tem problema, ninguém vem hoje, o Pedro vai dormir
na casa duma gatinha dele.
- Não posso.
- Por quê?
- Eu preciso de você. – realmente eu estava tenso.
- Bob, você sabe que sempre vou tá aqui pra você.
- Eu quero que você me leve pra casa.
- Vou pegar a chave do carro, não, melhor. Eu vou chamar
um taxi, posso dormir lá?
- Vai sair caro um taxi pra lá.
- Não heim.
- São só uns 10 quarteirões.
- Eu quero que você me leve pra Guará.
Gean ficou me
olhando pasmo, ele continuava lindo, e a barba ralinha dava um ar bem sério.
Mas era passado, nós agora éramos quase estranhos agora eu só sabia que ele era
um canalha e ele só sabia que eu era um idiota.
22
de março
07h.
Acordei preparado para o que iria acontecer
naquele dia, esperei mamãe sair com tia Sarah, liguei pro G, que já estava a
caminho, chegou me beijou subimos as escadas, ele estava bem mais feliz que os
outros dias, na noite anterior a gente havia combinado tudo. Seria tudo
perfeito, segunda a mamãe sempre ia ao salão antes de ir pra rádio, naquela
semana ela iria se despedir dos fãs e do trabalho tão querido.
Tia Sarah decidiu ir entregar os últimos
livros a biblioteca e eu ficaria sozinho em casa, minha mãe já havia me tirado
da escola, já havia combinado a nova matricula na nova escola. Nós iríamos
viajar na sexta, eram meus últimos momentos na chácara eu teria que aproveitar
intensamente.
Subimos as escadas Gean me abraçava e beijava
de uma forma bem mais quente que as outras vezes, nos deitamos na cama eu o
ajudei a tirar a camisa vermelha, de repente o prazer de ficar com ele foi
elevado, e muito. Ele era maravilhoso, e foi à escolha certa. Sei que foi
rápido, mas...
E daí? Eu to afim ele também, nós estamos
usando e camisinha e nos gostamos, eu não quero perder mais tempo. Eu quero
viver, quem sabe um dia aparece uma doença em mim. Eu não quero olhar pra trás
e ver que eu perdi meu tempo. Eu quero olhar e dizer:
- Eu faria tudo isso
de novo.
07h10min.
Mamãe dirigia pela estradinha verde e molhada:
- Mulher eu esqueci
minha bolsa – mamãe disse pasma olhando pra estrada, enquanto isso Sarah se
maquiava pelo espelho do carro.
- Mulher eu te deixo
lá e venho pegar.
Foi assim que rolou, mamãe entrou no salão,
tia Sarah entrou no carro, voltou pra chácara, lembrou que eu tinha deixado iphone carregando na sala e foi levar
pra mim. Merda de iphone. Eu e Gean
estávamos tomando banho juntos, meu deus, muito bom, que homem gostoso. Pudi
ouvir Sarah tentando abrir a porta olhei pra Gean:
- Fudeu!
- Bob?
- Pera tia.
Sai do banheiro peguei a toalha abri a porta
de forma que só minha cabeça ficasse amostra:
- Seu iphone!
- Valeu.
- O Gean tá ai?
Como ela sabia?
- N... Sim.
- Quero ver vocês na
sala em cinco minutos. – disse bem séria saindo da minha visão.
Gean estava se secando, a cara de preocupado
estava muito evidente isso me deixou nervoso, descemos a escadas de mãos dadas.
Ela estava sentada no sofá balançando uma das pernas cruzadas. Nos sentamos no
sofá a frente dela:
- Vocês estavam...
Transando?
- A culpa é minha. –
disse Gean tentando acalmá-la.
- Eu sei.
- Desculpa.
Eu nem sabia o que dizer.
- Eu fiz por que eu
quis tia.
Certo, isso não ajudou.
- Não tem problema
gente, é normal, é bom. Mas... Gean eu quero falar com ele a sós.
- Tá.
Gean beijou minha testa e saiu em direção à
piscina. Sarah ficou me olhando, não sérias, mas, preocupada.
- Eu não quero que
você ache que eu sou uma chata, mas... Você acabou de conhecer esse cara. Você
nem sabe o que ele quer da vida, que doenças têm, sei lá. Ele é um estranho.
Ela estava certa, eu tinha vacilado mesmo.
Mas, á pouco tempo atrás eu me achava o dono da razão, eu tinha planejado tudo,
iria ser perfeito.
- Vocês se
protegeram?
- Hurrun...
- Que bom. –
nitidamente mais calmo.
- Sua mãe só tem
você, querido, ela precisa de você agora. Você ficar com ele, mas nunca se
esqueça que sua mãe te ama muito mais que ele, ou qualquer outro garoto. Você é
um bom garoto, eu sei como é. Você esta maravilhada com ele, ele é muito lindo
mesmo, eu sei. Mas não perca o foco, não deixe de vier por causa disso. Eu sei
o que estou dizendo Bob.
É eu sei.
08h55min.
- O Pedro deve estar
chegando, eu queria passar o dia aqui, mas... Acho que estraguei tudo,
desculpa.
- Não teve problema.
- Eu quero que você
saiba que você não é qualquer um pra mim, pode até ser no começo, mas agora eu
gosto de você de verdade, pode crer, eu posso não ser o melhor cara do mundo,
mas isso é verdade. O que eu sinto por você é real. Sempre acredite nisso, eu
gosto de você de verdade.
- Eu sei...
Não eu não sabia, não sabia como era ser
enganado, como eu me sentiria ao ser abandonado, mas, Gean pode me fazer sentir
assim, enganado, ele acabou comigo e nem precisou se esforçar muito pra isso,
ele só precisou ser ele mesmo. Um canalha.
25
de março
09h.
Os dias passaram, a chuva voltou, mas agora
ele estava comigo, me abraçando, sempre me deixando mais amparado, as vezes
mamãe chorava de noite, eu ouvia mas não queria que ela soubesse isso, ela
reagiu ate bem quando contamos sobre termos transado, Gean pedia pra namorar
comigo pra ela, seria nosso ultimo dia na cidade.
Tia Sarah acordou cedo e foi ao consultório de
Dr. Marcondes, iria receber o resultado do exame de câncer, esperou na sala de
espera, tensa, no rádio ligado na recepção, podia se ouvir mamãe se despedindo
dos fãs.
-”... Quem sabe um dia eu volte, eu estarei
feliz sempre que lembrar de vocês e desse lugar maravilhoso, vocês não são só
minhas ouvintes são minha amigas, numa bela amizade construída nesses últimos anos
que foram maravilhosos estando aqui sempre, eu sinceramente, amo vocês...”
As recepcionistas se
emocionavam ouvindo a despedida da ilustre amiga, mamãe faria falta, o seu programa
era o melhor de toda a região, ela já recebeu várias propostas em outras rádios,
inclusive em Fortaleza e agora que estávamos indo pra lá, novas propostas
apareceram, mas ela não aceitou, queria algo, mas esperado, algo que ela havia
esquecido no tempo, ser advogada.
Sarah foi chamada ao consultório, andou
lentamente pelo corredor, abriu a porta, Marcondes estava sentado atrás da mesa
lendo os exames.
- Oi.
- Oi.
- Você não tem a
doença.
Sarah sentiu um alivio que a fez poder
respirar de novo, sorriu pra grande amor do passado, tentou pegar os exames...
- Sarah.
- Oi.
- Eu quero falar com
você.
- Sobre?
- Sobre nós.
- Marc...
- Eu sei que eu
errei, eu sei que você não merecia nada daquilo, eu era jovem e um idiota, mas eu mudei. E eu sei o que eu
quero. Eu quero você. Eu quero ficar com você, casar com você, quero você comigo
pra sempre.
Sarah sentia um sentimento muito grande por
ele, talvez fosse amor, mas, ela não estava disposta a perder a vida de
solteira, a vida alheia a qualquer um, uma vida construída com muito esforço,
sozinha.
- Eu não posso.
Ele a beijou. No corredor Sandrinha pode ouvir
toda a conversa, ela sabia exatamente o que fazer pra afastar os dois de novo,
não que ela tivesse alguma chance com ele, mas não aceitava Sarah ter. Sarah se
afastou e saiu da sala.
Sandrinha a seguiu.
- Você não vai cair
nessa de novo né?
- Eu te ignoro.
- Você continua a
mesma pirralha, nem sei como ele te quer.
- Sai daqui, sua
vagabunda.
- Ok. Mas saiba que
ele mentiu, eu tenho um caso com ele.
- Sem comentários.
- Não acredita é
bonequinha?
- Claro que não sua
biscate.
- Eu tenho um filho
com ele, é, todo mundo sabe, até você, o meu mais novo é dele. Parece né. Puxou
o pai, até disse que seria medico, que lindo. É algo genético.
Sandrinha saiu, deixando Sarah desamparada no
corredor com cheiro de remédio. Ela saiu de lá, entrou no carro, chorou, e
lembrou:
- Todos são iguais.
19h
Peguei o celular, as
chaves, o bendito iphone, desci as
escadas me olhei no espelho da sala, estava lindo. Gean me esperava, estava
lindo com uma blusa de mangas longas cinza e gola V, quase deixando amostra seu
peito sarado, uma calça jeans bem skinny escura, um tênis preto Nike completava o meu príncipe encantado.
Eu? Eu usava uma calça bem parecida com a dele, minha tia me trouxe, ela achou
minha cara, com uma regata branca com algo preto perto do colo. Tia Sarah nos esperava
no carro, todos iriam passar a noite na cidade. Seguimos pela estrada fria, não
chovia, mas o frio estava em alta. Fomos pegar Pedro, que ficou na frente dando
em cima da Sarah, ficamos atrás nos paparicando, eu me sentia a vontade pra
beijar ele lá, eu estava seguro.
Comemos pizza,
rimos, bebemos, brigamos, enfim, foi um noite diferente, muito boa, pelo menos
durante o jantar, não foi uma boa idéia levar Gean pro jardim da vovó de novo,
não por nós, mas alguém que eu pensava ter desistido da sua perseseguição por
mim, David.
- Para de falar
desse cara, relaxa, eu to aqui.
- Ele me olhou
estranho na rua, e você é o que me dá medo.
- Eu vou te
proteger.
- E quem vai te
proteger?
Era melhor eu relaxar, pelo menos eu pensei
isso.
- Oi.
David havia nos encontrado, pelo muro baixo
ele nos olhava com uma cara de ódio bem ofensiva, Gean o encarou por algum
tempo.
- O casalzinho está
se escondendo pra poder se beijar é? Que nojento. Cara você vaio pra cá e pega a
pior merda da região, isso é ruim heim. Tanta mulher no mundo. Eu tenho vontade
de vomitar em vocês, eu devia acabar com você Hael, seu mentiroso, viadinho
ridículo, enganou minha irmã. Você é desprezível.
- Cala a boca cara.
- Huuuu... O viado
quer ser macho, não dá boióla.
Foi assustadoramente bom ver Gean dar um soco
nele, que pulou o muro, e começou a bater em Gean, eu tentei separar, até que
David me acertou e cai.
Nenhum comentário:
Postar um comentário